POESIAS E BYTES

POESIAS E BYTES

quinta-feira, 13 de maio de 2010

GLÓRIA KREINZ-HOJE SEM POESIA MAS COM BYTES E CIBERS

Um mundo “zerado”...Podemos zerar o universo ciber em que vivemos? Rsrs...Podemos tentar, mas zerar nunca: eis texto de Ciro Marcondes que discute a questão:

“A grande novidade que traz a civilização eletrônica é o fato de fazer tabula rasa de todos os níveis da sociedade organizada. É o que Paul Soriano chama de “mundo zero”, marcado por “zero demora, zero estoque, zero memória, zero cultura, zero identidade, zero instituição, zero política, zero real” [cf. Finkielkraut/Soriano, 2006, p. 52]. A função delete do computador, ao mesmo tempo que apaga palavras, frases, textos ou livros inteiros em menos de um segundo vai corresponder metaforicamente à capacidade do cibermundo de anular todas as construções culturais do social pré-informático disponibilizando, em seu lugar, um social ad hoc.”
Neste primeiro momento se fala de um possível momento zero, mas depois de mostra que a técnica pode ser discutida e deve ser vista como contingente, e nunca como necessária. A memória dos homens nunca será apagada:
“O desafio, assim, não pode ser a negação simples e determinada, como oposição polar, à forma de coerção e sedução da internet. A constelação repressiva apresentada de zerificação, disponibilidade/conexão permanente, liberdade fatal sugere que a estratégia de desafio atue não na confrontação simétrica, mas em outro jogo que inclui uma recusa da razão, uma rejeição da luz e da claridade da cena mediática ou mesmo internética, uma estratégia de “pensar contra si mesmo” (Kamper), que fará aparecer tudo aquilo que foi ignorado, afastado, banido, expulso para o campo das monstruosidades: o chocante, o grito arcaico, aquilo que Heidegger chamava de Unheimlich, a “ferida que supura”, o “terrível que brota no interior do escondido”.
Eis onde Marcondes mostra oposição de Heidegger e Nietszche e opta pelo segundo e o aspecto contingente da técnica. Então quando apagamos textos, até na Wikipedia há uma memória mais forte que sobrevive como contingência e história.
“A ameaça da técnica, enquanto metafísica realizada, enquanto única explicação de mundo disponível, enquanto modo de pensar que expurga todos os demais modos possíveis, teria atingido o homem em seu ser, mas haveria, na própria técnica, uma esperança. Onde brota o espinho brota também a flor. Mas como, se a essência da técnica é essa forma de “dispor” dos homens, de negá-los enquanto direito à desconexão, recusa à sedução? Aceitar que isso pertença à essência da técnica é estar diante de uma decisão radical: a rejeição total das técnicas, projeto impossível, ou a relativização de sua essencialidade, tomando-a como mera contingência. É o que aparentemente separa Nietzsche de Heidegger.”

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